sexta-feira, 7 de maio de 2010

O que diz Ellen White?


Chegamos a mais um fim de semana, e aproveito para deixar pra vocês um pouco dos comentários da Ellen White no livro Atos dos Apóstolos:

Paulo tornou Onésimo portador de uma carta a Filemom, na qual, com seu usual tato e bondade, o apóstolo pleiteava a causa do servo arrependido, e manifestava o desejo de retê-lo para seu serviço no futuro. A carta começava com uma afetuosa saudação a Filemom como um amigo e cooperador: "Graça a vós e paz da parte de Deus nosso Pai, e da do Senhor Jesus Cristo. Graças dou ao meu Deus, lembrando-me sempre de ti nas minhas orações; ouvindo a tua caridade e a fé que tens para com o Senhor Jesus Cristo, e para com todos os santos; para que a comunicação da tua fé seja eficaz no conhecimento de todo o bem que em vós há por Cristo Jesus." Fil. 1:4-6. O apóstolo recordava a Filemom que cada bom propósito e bom traço de caráter que ele possuía devia-o à graça de Cristo; somente esta o tornou diferente dos perversos e pecadores. A mesma graça pode tornar o envilecido criminoso um filho de Deus e útil obreiro no evangelho.

O apóstolo pedia a Filemom, que em vista da conversão de Onésimo, recebesse o arrependido escravo como a seu próprio filho, mostrando-lhe tal afeição que ele escolhesse permanecer com seu senhor de outrora, "não já como servo, antes, mais do que servo, como irmão amado". Fil. 1:16. Expressava seu desejo de reter Onésimo como alguém que poderia servi-lo em suas prisões, como o próprio Filemom teria feito, todavia, ele não desejava os seus serviços a menos que Filemom de própria vontade libertasse o escravo.

O apóstolo bem conhecia a severidade que os senhores usavam para com os seus escravos, e sabia também que Filemom estava grandemente indignado pela conduta de seu servo. Procurou escrever-lhe de maneira a despertar seus mais profundos e ternos sentimentos como cristão. A conversão de Onésimo o tornara um irmão na fé, e qualquer punição aplicada a seu novo converso seria considerada por Paulo como aplicada a si próprio.

Paulo se propôs voluntariamente assumir o débito de Onésimo para que ao criminoso fosse poupada a agrura da punição, e pudesse ele de novo se regozijar nos privilégios que tinha rejeitado. "Se me tens por companheiro", escreveu a Filemom, "recebe-o como a mim mesmo. E, se te fez algum dano, ou te deve alguma coisa, põe isso à minha conta. Eu, Paulo, de minha própria mão o escrevi; eu o pagarei." Fil. 1:17 e 18.

Quão apropriadamente isto ilustra o amor de Cristo pelo pecador arrependido! O servo que defraudara a seu senhor não tinha com que fazer a restituição. O pecador que tem roubado a Deus de anos de serviço não tem meios de cancelar o débito. Jesus Se interpõe entre o pecador e Deus, dizendo: Eu pagarei o débito. Poupa o pecador; Eu sofrerei em seu lugar.

Depois de oferecer-se para assumir o débito de Onésimo, Paulo recordou a Filemom o quanto ele próprio era devedor ao apóstolo. Devia-lhe seu próprio ser, uma vez que Deus tinha feito Paulo o instrumento de sua conversão. Então, num apelo fervente e terno, suplicou a Filemom que assim como ele havia por sua liberalidade vivificado os santos, também vivificaria o espírito do apóstolo concedendo-lhe esta causa de regozijo.

A carta de Paulo a Filemom mostra a influência do evangelho nas relações entre senhores e servos. A escravidão era instituição estabelecida em todo o império romano, e tanto senhores como escravos eram encontrados na maioria das igrejas pelas quais Paulo trabalhou. Nas cidades, onde os escravos eram muitas vezes muito mais numerosos do que a população livre, leis de terrível severidade eram consideradas necessárias para mantê-los em sujeição. Um romano rico possuía não raro centenas de escravos de toda categoria, de todas as nações e de toda habilidade. Com pleno controle sobre a alma e o corpo dessas desajudadas criaturas, podiam infligir-lhes castigo a escolha. Se um deles por vingança ou autodefesa ousasse levantar a mão para seu proprietário, toda a família do ofensor poderia ser cruelmente sacrificada. O mais leve erro, acidente ou descuido eram muitas vezes punidos sem misericórdia.

Alguns senhores, mais humanos que outros, eram mais indulgentes para com seus servos; mas a grande maioria dos ricos e nobres, procedendo sem restrição à luxúria, paixão e apetite, tornavam seus escravos miseráveis vítimas do capricho e tirania. A tendência de todo o sistema era desesperançadamente degradante.

Não era obra do apóstolo subverter arbitrária ou subitamente a ordem estabelecida da sociedade. Tentar isto seria impedir o sucesso do evangelho. Mas ele ensinava os princípios que atingiam o próprio fundamento da escravatura, os quais, se postos em execução, minariam seguramente todo o sistema. "Onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade", declarou ele. II Cor. 3:17. Quando convertido, o escravo tornava-se membro do corpo de Cristo, e como tal, devia ser amado e tratado como irmão, co-herdeiro com seu senhor das bênçãos de Deus e dos privilégios do evangelho. Por outro lado, os servos deviam cumprir seus deveres, "não servindo à vista, como para agradar aos homens, mas como servos de Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus". Efés. 6:6.

O cristianismo cria um forte laço de união entre o senhor e o servo, o rei e o súdito, o ministro do evangelho e o degradado pecador que encontrou em Cristo a purificação do pecado. Foram lavados no mesmo sangue, vivificados pelo mesmo Espírito; e são feitos um em Cristo Jesus.

0 comentários:

Postar um comentário

Related Posts with Thumbnails