Seguindo os ditames do neoliberalismo que domina os recantos inconscientes do ser, nós, cristãos, muitas vezes não nos apercebemos de que vivemos egoísta e confortavelmente enquanto outras pessoas sofrem injustiças e atrocidades advindas de forças ditatoriais declaradas ou pseudodemocráticas. Talvez você e eu carreguemos esse peso do dever não executado em muitos momentos de nossa vida, mas esse não é o caso de Robert Park, 28 anos, que entrou ilegalmente na Coreia do Norte, rumo a Hoeryong. Segundo matéria de 26/12/2009, assinada por Choe Sang-Hun, do The New York Times, “após uma oração às margens do Rio Tumen, Park, um missionário coreano-americano que veio de Tucson (Arizona) entrou na Coreia do Norte debaixo da mais pesada neve, às 17h01, no dia de Natal, gritando repetidamente sua mensagem em coreano: ‘Eu sou um cidadão americano... Venho aqui trazendo o amor de Deus. Deus ama vocês.’”
Além de palavras, Park carrega consigo uma carta ao ditador norte-coreano, Kim Jong-il, pedindo a abertura das fronteiras para ajuda humanitária internacional e o fechamento unilateral dos campos de concentração norte-coreanos, bem como a libertação dos 160 mil prisioneiros políticos (segundo estimativas da Coreia do Sul e dos Estados Unidos) desses campos; onde, segundo fugitivos, prisioneiros sofrem agressões, mortes, abusos, trabalho forçado e precariedade de alimentos.
Park disse que não quer nenhuma intervenção dos Estados Unidos para que ele venha a ser libertado.
Segundo amigos, ele trabalhou ajudando os sem-teto da cidade do México, fez evangelismo na China, e em Seul, onde ficou conhecido por doar casacos seus para abrigar os outros. “Ele era um cristão cheio de compaixão”, diz Suh Suk-koo. “Ele disse que já era tempo de reviver a ousadia dos cristãos e mártires primitivos que não temiam serem devorados por leões no tempo do Império Romano.”
Com certeza, reviver o cristianismo primitivo é a maior necessidade do mundo cristão. Reviver esse cristianismo é reviver o amor, a negação própria, a ousadia e o desejo de socorrer os outros – ainda que para isso tenhamos que sofrer perdas pessoais.
Queiramos ou não, nem todos os cristãos estão dormindo. Felizmente, há muitos cristãos acordados, como Parker.
(Silvio Motta Costa, professor da rede pública em Campinas, SP, para o blog Criacionismo.)
segunda-feira, 3 de maio de 2010
Um cristão contra a ditadura
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